O “já” e o “ainda não” do Reino

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Quando se fala em reino, lembramos de autoridade, governo, hierarquia, riqueza, domínio, etc. Mas nossa mente limitada carrega uma noção falha de reino que não pode ser aplicada a Deus(pelo menos não integralmente), pois durante toda a História tomamos conhecimento de reis que fizeram atrocidades, outros apenas governaram mal, e outros poucos fizeram bons governos, ainda sim, falhos.

O Reino de Deus é diferente. Deus é Deus e a perfeição está contida nele. Uma perfeição que engloba todos os atributos de um verdadeiro rei, e é somente partindo desse pressuposto que podemos entender o Reino de Deus, anunciado por João Batista, pelos apóstolos, e por toda a mensagem de Cristo aqui na Terra.

O Reino do Senhor é justo, amável, aprazível e poderoso, como seu próprio ser é. Por isso, devemos confiar que por mais que vejamos injustiças acontecendo a toda hora nesta vida, Deus continua a governar de maneira perfeita homens e mulheres imperfeitos.

O mistério, parcialmente revelado, do Reino, nos assegura que se experimentarmos a regeneração (outro mistério) no Filho, nos tornamos agentes desse reino. Agentes falhos, em processo de aperfeiçoamento (causado por outro mistério: a santificação), e que devem buscar o Reino pleno e futuro, preparado para seus agentes enquanto o reino presente ainda está em voga.

Deus continua a governar sobre as autoridades corruptas/corruptíveis dessa Terra, mas chegará o dia em que toda a corruptibilidade será aniquilada, e toda a criação será restaurada, e então, os agentes do reino viverão a plenitude do Reino escatológico, como dizia George Ladd. Esse reino plenamente revelado será tão perfeito, tão cheio de regozijo e amor, que, ainda que o Reino presente já seja um mistério maravilhoso, não mais sentiremos saudades dele, pois até mesmo nossas lembranças, sentimentos e emoções serão restaurados.

No Reino presente, devemos viver guiados pelo anseio do Reino futuro. Isso significa não viver uma vida secular (no sentido original da palavra, ou seja, materialista e existencialista), de forma que todas as nossas ações e decisões devem ser moldadas pelo nosso pensamento no eterno. E isso é um grande mistério! É isso que nos diferencia dos não-regenerados.

Quando Marx afirmou que “a religião é o ópio do povo”, em partes tinha razão, pois ele tinha em mente religiosos que, por apenas pensarem na eternidade, acabavam esquecendo de contribuir para uma vida melhor e mais justa aqui na Terra. Nós, cristãos, devemos ansiar sim pelo Reino futuro, mas com total consciência de que este já está, em parte, presente, e devemos servir ao seu perfeito Governador, já.

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